terça-feira, 14 de julho de 2009

Perna doendo

Evito trabalhar demais, embora já esteja por lá há cinco anos dizendo a mesma coisa: esse é o último dezembro que passo aqui.
Salva o clima, salva a amizade, a risada sempre boa... a palavra de quem me conhece do avesso e chata, fazendo o que não quero... mas tenho....
O que percebi hoje, no ônibus depois das seis da tarde - coisa que parei de me permitir.... se é pra ser dificil que pelo menos seja na hora que eu quero - é que o cansaço cega.
Só pode ser.
Gente jovem não vê gente velha que entra, com dor na perna, e quer sentar no lugar que tem até adesivo, reservado!
Gente não vê gente. Não vê quem é igual. Cada um com sua dor mais doída, seu salário mais ferrado, suas contas mais pesadas, seu casamento mais inútil, seu filho mais doente, sua religião mais crente, seu dente mais do ciso, seu problema mais grave. A perna doendo tanto mas tanto que não deixa o olho ver quem tá do lado, precisando mais do lugar. Quem tá a fim de escutar um boa noite, e não um funk safado no celular, sem fone.
Ensaio sobre a cegueira, escreveu o portuga. Já estamos aqui , tupiniquins, mais do que ensaiados. Somos craques na cegueira da alma.... Vemos apenas aquilo que queremos, quando e como queremos. E sempre somos vitimas.

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