segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Desejo de fim ano: suor

Diante de toda a conjuntura que se apresenta violentamente com e sem o nosso consentimento o tempo todo, com ou sem nossa responsabilidade; que conclusões ou percepções e sim, sensações absorver, compartilhar ? A truculência com que se apresenta a repressão, diante de nossos olhos e a serviço de uma classe que nos esmaga e oprime a barriga e o cérebro de milhões, todos os dias.... e estes mesmos milhões, desejam ser reflexo de quem os oprime! E a nós, o que nos cabe? Ação? Qual? Reflexão? Qual?

E tudo parece desconexo e desesperador. Tudo parece maior, imutável.Parece.

Compreensível torna-se então o fato de certas espécies viverem dentro de conchas ou outras, ibernarem por longos peírodos. A vontade de muita gente neste momento é esta. Daí, questionando e embriagando o pensamento pra que este pudesse ir mais longe um pouco, penso que tudo isso, esssa quase covardia que nos invade, essa inércia, esse latente afastamento de razão e emoção, essa babaquice sem fim de ficarmos competindo, deixando que imperem valores que não são nossos em nossa essência, já que o coração, no fundo, no fundo, bate por liberdade, felicidade, amor , comida , alegria, sexo, vida, ar, pureza, justiça, poesia, música, cor, lábios, risos, partos, abraços .... entre tanta coisa mais que um raio de sol ou um pingo de chuva possa trazer. Penso que há possibilidade.

Há olhares que se cruzam, há amor , há vida e paz sim ainda que em meio a luta, que já existia e continuará existindo ainda....

Não há força que se sustente sem o fôlego da dúvida, e dialeticamente, sem a certeza de aconchego.

Sem perder a ternura jamais, já lemos e falamos tanto.... que vivamos então de peito aberto, de braços entrelaçados uns nos outros pra que não se embruteça o coração e a leveza que a alma necessita pra pensar, pra agir.

Metidos nesta pele que nos refuta,
Dois somos, o mesmo que inimigos.
Grande coisa, afinal, é o suor
(Assim já o diziam os antigos):
Sem ele, a vida não seria luta,
Nem o amor amor.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"