quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Melhor estar no fundo do mar

Lula afirmou em mais um de seus espetaculares discursos que nosso país, atualmente, é protegido pela natureza e conduzido por cidadãos capazes de manter a cabeça erguida.
Concordo!
Cabeça erguida pra olhar os fogos de artificio dos shows e distraçoes,
Cabeça erguida pra clamar a Deus e aos santos e orixas por justiça,
Cabeça erguida pra não olhar onde e nem em quem pisa,
Cabeça erguida pra tentar dialogo com o poder, que lá de cima, decide,
Cabeça erguida pra esquecer,
Cabeça erguida... essa é boa.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Capitalismo selvagem

A questão não é o que somos e sim o que e como estamos.
Fácil pra quem tem terra firme pra pisar, intenso pra quem anda na lua e dorme nas nuvens.
Francamente, nao dá pra precisar o que é certo ou errado, isso já se sabe. Mas de fato tem caminhos vários e escolhas nem sempre claras. Vielas, ruas estreitas e mal iluminadas, sombrias e tenebrosas... e nem por isso desagradáveis.
Cansa crer nesse positivismo cristão que nasce com a gente e não sai com o cordão umbilical, pelo contrário, cresce e cresce com as unhas e cabelos e não sai... quase nunca.
Mentir, trair, idolatrar, invejar, querer sexo por sexo. Condição de homem, talvez melhor, condição de primata. Perder, ficar pra tras, não ser bom errar. Não chorar a morte de alguém estimado. Rir dos outros, de si mesmo. Primata.
Esquecer das palavras e usar sons vários, atrair-se pelo cheiro, pelo instinto. Querer por ser simples, por querer, por vontade, por necessidade, sei "lha".
E sonhar.... como Shakespeare, amar a paixão como os poetas. Embriagar-se do mundo, de olhares. "Seguir um caminho pelo o que chama atenção"...
E arte, onde entra? tem de entrar? Quero mais é que saia daqui, e vá pra todo lugar.
Música do ser, batuque do som. Primata.
Pé no chão ou no ar. Mobilidade, visão ampla. Voz pro mundo escutar. Primata.
Ser, viver, respirar, existir , estar. Primata.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Irritações

Pilha de nervos.
E quem foi que disse que a calma é legal?
Estagnação não é um dos meus pratos preferidos.
Ok, pode ser que eu fique asmática pro resto da vida, ou pode ser que não, ora essa!
E nem adianta me olhar numa hora dessas e dizer - CALMA!- eu não quero , não estou e não vou ficar calma.
Existe uma leveza em certas coisas e pessoas e situações que são simplesmente isuportáveis.
E pra não dar uma de louca, o que me resta é sentar, tomar alguma coisa boa e ficar quieta.Só.
Ai, mas dá uma vontade de correr, de gritar!!!!!!!!!!!!
Ufa, chega, por hoje chega.

MANIFESTO ARTE PELA BARBÁRIE

ARTE PELA BARBÁRIE: GRACIAS A LA VIDA!
(texto do Blog da Brava cia)

Ave, Senhores! Nós, que admiramos a vida, vos saudamos.

Nós, artistas, trabalhadores descartados como a maior parte da população; nós, que nos reunimos em grupos para, coletivamente, criar outra forma de produzir e existir diferente dos cárceres privados das empresas; nós, que pensamos e vivemos diferente dos Senhores, vejam só, vos saudamos.

Ave, Senhores! Nós, que teimamos em sonhar, vos saudamos.

Os senhores certamente nos conhecem: nos últimos vinte anos dada a capilaridade do nosso fazer artesanal e cotidiano, embrenhamos o nosso teatro na vida e na geografia de todo o país. Foi assim que algumas conquistas nossas impediram o saqueio cultural definitivo. A disputa por uma arte e uma cultura de relevância pública como parte das prioridades de estado, fomentaram a partir de leis e propostas democráticas, a construção de uma consciência crítica, a ponto da questão cultural fazer parte das discussões mais candentes do dia-a-dia.
É por isso que nós, que fazemos no palco, a radiografia estética de sua civilização, de sua violência, guerra e morte, do seu desmanche de seres humanos, de seu mercado falido, de sua apropriação privada do mundo e de homens; nós, que ousamos sonhar hoje para recriar a humanidade de amanhã, vos saudamos. Por que lutamos para parar a lógica da desordem que é a concorrência e a guerra entre tudo e todos em nome do lucro, da propriedade privada, da acumulação de riquezas nas mãos de poucos.

Nós, que existimos, produzimos, criamos sonhos, idéias, seres humanos. Mas não fabricamos, não podemos e nem queremos fabricar lucros. Não somos, não queremos ser e não acreditamos em vossos valores e parâmetros de eficiência e auto-sustentabilidade. Existimos. Somos o outro de vós, a outra voz, outro corpo, outro sonho. E nos afirmamos enquanto forma de produção e enquanto criação estética de pensamento e seres humanos.

É desse lugar que, mais uma vez, cobramos as promessas por uma sociedade mais justa, onde todos teriam direitos iguais. Mas como isso será possível se 13% do orçamento da cidade de São Paulo e mais de 30% do orçamento do Brasil vão direto para os cofres dos banqueiros, sem nenhuma discussão da sociedade? Como encarar a cultura como direito de todos, se a Prefeitura da maior cidade do país e o governo da União destinam menos de 1% de seus orçamentos para a cultura? Como justificar uma divisão de recursos públicos que destina 200 milhões ao Fundo Nacional de Cultura e 1,4 bilhões ao marketing das grandes corporações através da renúncia fiscal, da famigerada Lei Rouanet? Que reserva 38 milhões para o Teatro Municipal de São Paulo, 10 milhões para TODOS os demais núcleos teatrais da cidade e praticamente nada para os demais? É pouco para o Teatro Municipal, é pouco para os grupos e é pouco para a arte e a cultura da maior cidade do país.

Esses números traduzem a ausência de políticas públicas de Estado, a ausência da própria política: os governos e os espetáculos informativos da mídia privada apenas operam como gerentes e administradores dos negócios do mercado.

Ave, Senhores! Ironicamente, apenas cobramos a realização da sua República e das suas leis. Exigimos investimentos na cultura, entendida como direito extensivo a todos, direito que o mercado não consegue, não pode e não quer concretizar. É simples assim: que o Legislativo legisle e o Executivo execute uma política pública de Estado, e não de governo, nas três esferas – municipal, estadual, federal, através de:

1) programas públicos – e não um programa único de ‘incentivo’ ao mercado – estabelecidos em leis, com regras e orçamentos próprios a serem cumpridos por todos os governos; programas com caráter estrutural e estruturante;

2) Fundos de Cultura, também através de leis, com regras e orçamentos próprios, como mecanismos para atender – para além do governo de plantão – as necessidades imediatas e conjunturais, através de editais públicos.

É hora de aumentar o orçamento do Programa de Fomento em São Paulo, aumentando o número de grupos dentro do programa e criando a categoria de núcleos estáveis; é hora de criar o Fundo Estadual de Arte e Cultura, engavetado no governo passado; é hora de desengavetar nossa proposta de lei que cria o Prêmio Teatro Brasileiro para todo o território nacional.

Fora isso, é o império mercantil, a exclusão, a violência, a morte.

Ave, Senhores! Nós, bárbaros, ao reafirmarmos a vida, vos saudamos.


São Paulo, 22 de setembro de 2009.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Era fácil criticar, planejar mudar o mundo e convencer as pessoas de planos infalíveis. A estratégia era quase perfeita, e só não vigorou porque eu não estava convencida das minhas próprias teorias.
E ainda não estou.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

No céu onde nada existe

Por cima das cabeças beócias um monte de coisa. Mas essencialmente, os sonhos delas mesmas.
É tão mais simples viver, só viver!
Respirar, sentir o pulso do coração tomando conta de todo o corpo... e deixar que fluam as paixões, que nos arrebate a ira, o desejo, ou a calmaria, se assim for...
É tão mais óbvio perceber o ar, a flor, e seguir por vontade não por obrigação, qualquer regra que seja imposta pelo o que se sente e não pelo o que se pensa.
Não seguir trilhas predestinadas. Descobrir, desbravar, ou descansar.... sentar e ver com admiração o que é: o sol, o mar, a criança, o seio, o chão, o céu. O que está.
Já foi o ontem e não o tenho pra defini-lo. O amanhã não sei também, nem quero.
Tenho agora o teclado e imagens que me assolam, tenho o que sinto por quem sinto hoje. Saudades várias, amores também, paixão aquela ... que não subestimo por não sabê-la humana como os outros.
Não pretendo convencer.. nem ao menos a mim, que dentro em pouco penso e repenso ideologias várias, mudo e desmudo, quase nunca vendo o agora que acontece na frente do meu inquieto nariz.

Mas vale a pena, nem que por uns minutos.... ser.. estar.. e só. Só.