quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Matutando...

"Mas a mulher é um ente humano! Tem direitos naturais, sofre
e não pode continuar a servir de tapete para os pés dos homens."

Ercília N. Cobra (Virgindade..., 1924, p.51)



A luta da mulher por seus direitos é antiga... bem antiga!
De uma época em que a mulher ainda era vista como ser inferior; servindo seu marido incondicionalmente; sendo a devotada mãe, a serva fiel de Deus. Daí pra frente, a mulher resolve organizar o pensamento, desnaturalizar o que era visto e vivido como natural, comum: o mundo é dominado por machos e as fêmeas lhes servem, em todos os sentidos.
Mais pra frente na história, um salto na linha do tempo... Junto com as brigas políticas pela democracia e os direitos de igualdade economica e social, a mulher novamente se arma de ideologias pra lutar por igualdade trabalhista, direito ao voto , e de fato as coisas mudam de figura! A mulher passa a "trabalhar fora"; cria certa independencia economica e ocupa cargos no mercado de trabalho que antes só cabiam aos homens ocupar!
Evidentemente as diferenças entre os sexos continuaram  a existir : sálarios mais baixos, preconceitos de toda ordem.
Historicamente, a mulher já lutou por emancipação, por igualdade. Temos diversos exemplos bem próximos de feministas , artistas, donas de casa, professoras que transformaram suas realidades e outras tantas em prol da transformação do que consideravam injusto.
Pessimismos a parte, me parece que hoje esqueceu-se tudo isso.
Ao som de funk , a mulherada se entrega sem lutar, assume novamente um papel de servidão, de mercadoria exposta pra ser usada e jogada fora!
Não nos aceitamos. Queremos silicone, queremos perder peso, precisamos ter roupas novas... Seguir padrões que na verdade não nos servem, não nos satisfazem.
Escondemos nossas rugas atrás do pó compacto. E não é nem por vaidade, por auto estima! Claro que é bom - e muito mesmo... - sentir-se bem, bonita... Mas o que de fato fazemos é uma linha de produção.
Estamos virando Barbies com a cara esticada e sempre sorrindo pra satisfazer os desejos de outros, as vontades espetaculares que nos cercam, a moda que nos impoe que usar calça de tamanho maior não pe sexy; ou pentear o cabelo de tal jeito não combina com seu rosto.
O povo está se unindo , sinto e vejo isso constantemente por ai. Muita gente descontente, abrindo os olhos pra ver que as coisas não são assim desde sempre, que tudo pode ser transformado, que nada está estagnado e impassível de mudanças. Os grupos , os pequenos clãs que se formam - sejam por motivos politicos, estéticos, emocionais - se grudam, se fortalecem. E me parece que estamos nós mulheres em constante competição!
Há contradições nisso tudo, obvio! Não se trata de separar a luta: homem x mulher. Trata-se de unificar , de fortalecer o que me parece estar disperso - como muitas outras coisas nessa sociedade - por conta de anestesia, de encantamento com este mundinho mágico que nos promete a vida eterna, beleza sempre, perfume, roupa e imagem.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Brincando

Brincando de militancia, falando em cena o que se quer dizer na vida. Ó, dilema! Ó que drama!
Se o suor não caisse na face, se no peito não reinassem angúsitas e incertezas... seria boa demais a brincadeira!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Engenhando

Pausa pra compartilhamento de impressão pós espetáculo soco no estômago...
Em pedaços por ser fragmentado; dramaturgicamente bloquinho de (des)montar.
E agora meus pedações estão todos por aí, vagando e divagando. E uns pedaços que ficaram da peça em mim tem corpo e voz e me fazem querer parar de pensar, pra poder pensar melhor nas coisas.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Visões urbanas

Corpos tortos na calçada.
O cheiro de mijo;
O gosto da droga.
Um sorriso e o olhar que divaga... encontra os meus.
Há luxo: comida de churrascaria, uma vez por semana, quase fria!
Há lixo...

O papelão molhado de suor, de água suja, de mijo, de cola, de porra, de cola, de lágrima, de esguicho.

Invisibilidade! Super poderes!
A polícia, a malícia, sem saída, opção, a feição urbana, quase feito os prédios dali! Corre! Tem pimenta, tem ódio , tem morte, tem preconceito, não tem seuquer motivo!

Uns peitos pra fora, uns peitos que sangram, uns peitos colados em outros peitos, uns peitos pretos com e sem pelos.

E esse bolo cinza como o chão da calçada tem vida!
E respira,
E vive,
E anda,
E come,
E transa,
E ama,
E ressente,
E sente
E as vezes lembra, as vezes chora, as vezes grita, as vezes surta.

E são todos cinzas.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Copiei e colei

ACHO QUE MEU CORAÇÃO NUNCA BATEU BEM DA CABEÇA
SENTE SEU GOSTO NA BOCA E AS BOCAS QUE O TEMPO MARCOU EM MIM
VIVE INQUIETO,
 DE CERTO POR QUE TÁ CHEIO DE GENTE E DESERTO
ACHO QUE DE GRÃO EM GRÃO ANDOU PERDENDO A PACIENCIA
FOI MAREANDO MEUS OLHOS E OS OLHOS QUE OS DIAS CEGARAM EM MIM
VIVE ATENTO
DE CERTO POR QUE TÁ CHEIO DE GENTE E DESERTO
 
PERDE O PRUMO, AMARGOSO, DOCE, VISCOSO
O DIABO ENCARNADO DE CARTAS NA MANGA
HEADBANGER, DOCE POLI, HOMEM DE LATA
OCO DO SANTO DE PAU
ACHO QUE MEU CORAÇÃO NUNCA BATEU BEM DA CABEÇA!
 
(Música do JUH VIEIRA, que parece uma confissão minha)