Paralisia.
No fundo de um poço, num casebre interditado, na cachaça derramada por mais um desabrigado maranhense que grita suas dores no centro histórico luso - tupiniquim - sarneyista.
Nas eiras e beiras escassas , no mangue .
Na boca de quem aqui está achando a gente sem teto um treco engraçado.
Nas unhas mal pintadas da mulher de 90 anos , na água do mar sem onda.
Na cultura popular filmada pra ser vendida, na lua doce e linda que alguns olhares solitários necessitam.
No cigarro falsificado, na cerveja sempre boa...
Na trança única no cabelo jovem.
Nos pedacinhos de azuleijo com imã pra colocar na geladeira.
Na beleza e na estranheza desse lugar.
No cheiro de esgoto do rio, na textura gostosa da areia entre os dedos dos pés.
Nas casas caindo aos pedaços.
Na mansão de Roseane - palácio oligárquico ou a bolha de São Luis.
No barulho dos morcegos.
Na mesa de jantar, no fundo dos olhos da criança de dread.
Nos corações aflitos e inquietos de meus companheiros.
Na varanda olhando o bicho preguiça sorrir pra quem pra ele também sorriu.
Nas conversas superficiais.
Nas crises existenciais - individuais e coletivas.
No meio da rua, no cheiro de mijo do pedinte de qualquer coisa.
Na estupefação pré-fabricada do turista artista pseudo intelectual.
Na música alegre, na música triste.
Na dúvida.
terça-feira, 31 de maio de 2011
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