terça-feira, 28 de julho de 2009

o fazedor de arte

Um dia desses, encontrei um fazedor de arte.
- Boa tarde.
- Mais ou menos boa... - disse-me o fazedor, que estava ajoelhado procurando o tempo.
E continuou falando assim:
-As pessoas brincam. E depois de um tempo, depois de tanto não e de meu insistente sim, tudo continua defícil. A bem da verdade é que ninguém nunca me disse que seria fácil.
Parou então e acendeu um cigarro. Depois, prosseguiu:
-E todo mundo que encontro e me pergunta porque trilho esse caminho sai com mais dúvidas ainda.... menina, não é um caminho fácil. Se você quer ter certeza, não venha por aqui. Vindo, você encontrará por certo, suor, lágrima e sangue. Motivos pra seguir não lhe faltarão jamais. No entanto, certeza nunca. E o incerto é tamanha alienação nesse mundo todo aí que te cerca.... cansa, cansa demais.
Atônita com o encontro, pergunto-lhe se é do mais fraco o pensamento de não seguir mais, de não continuar? Como pode não haver paz fazendo o que se crê.
E ele, plácido, retrucou:
-Há de haver paz.... há de haver paz em algum lugar. Acontece que de um tempo pra cá descobri que a paz é chata. Besta. Morta. E resolvi que não, não quero a paz. Eu quero vida, suor. E consequências. E sabe menina, a dúvida dos teus olhos é a mesma do meu coração. Enquanto o corpo pede ação o tempo todo, a devolutiva de quem cerca o fazedor de arte é sempre a mesma cara. A mesma cara!
Convido-o para um café, ao que ele agradece silenciosamente. E prossegue:
-Este é um caminho solitário. Sustentar sonhos custa mais caro do que viver acomodado no sofá. Tenha certeza ao menos disso querida.
Digo-lhe:
-Então meus dias serão compartilhar com o desconhecdo o que creio e espero através de outra que não eu ? É isso ? Por que?
Olhou fundo em meus olhos, como se não tivesse resposta maior que esse silêncio mutuo. E nesse espaço curto de universo que surgiu, respondi a questão. Em silencio tambem. Sorrimos um ao outro, velhos conhecidos que se reencontram merecem ao menos um sorriso, ora essa!
Brincar com o fazedor de arte, foi a solução pro nó na garganta.
Guardar as minhas impressões a sete chaves e transfigurar tudo o que virá. Construir. Viver.Fazer. Rir. Chorar. Correr. Parar. Primeiro aqui depois ali e ali também.
Fora, pra fora de mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário