quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ver

Letras coloridas nas paredes da cidade. Gritadas e pixadas, passam rápido vistas da janela do busão. Gente bem bonita de roupa agarrada pra marcar corpos desenhados e perfeitamente esculpidos por silicone e marcas de cosméticos.
Revistas com mulheres super sensuais, jornais com os acontecimentos mais importantes do mundo, como a menina de mini saia que virou celebridade e bla bla bla.
Certo e errado, Deus e o diabo, tudo as claras pra ver e consumir e degustar e vomitar depois.
Além de extremos, esta é uma era de anorexia e esquizofrenia, de anestésicos descartáveis e vistas aguçadas pra tudo o quanto é escremento. Trocando em miúdos: a gente só vê merda, só faz merda, pensa merda e vive merda. Engole merda e por fim, reproduz uma merda tão gigante e arrogantemente, pensamos em autenticidade!
Por hoje, apagar as luzes seria bom demais. Não só pra não ver mais o que tenho que olhar, mas também pra sentir um pouco mais. Sentir, só sentir. Aguçar no corpo vontades que que se reprimem, que ficam aí como bestas, esperando a cabeça parar de funcionar pra por fim sairem vagando e divagando com outros como eu.
Andar as cegas mesmo, amar as cegas, viver as cegas. Sentir, comer, fazer sexo, dormir, rir, chorar, fazer... as cegas.

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