quinta-feira, 18 de abril de 2013

Beira Mar

Revoluções privadas.
Arte, manifesto, piada, absolutas certezas absurdamente absolutistas.
Rimas certeiras, flechadas no peito em fúria.
Cai a leoa, deixa-se domar.
Ciclo de sangue e silêncio, dores de parto, de vida e satisfação da alma.
Banho de lágrima, fértil certeza que menstrua e apodrece.
Lama do poço que parece sem fundo. Só parece.
E lá, debaixo de quase tudo, dentro do ventre depois da placenta, o verde.
Sinal de recomeço.
Necessidade plena de mais quietude.
Traçar outro plano. Retomar a juba, a luta, o riso, o punho, o peito.
Do seio o leite, do ventre as filhas, da mente silêncio, da boca o beijo.
Do ciclo de morte o funeral coletivo, o enterro. O peso que sai do ombro esquerdo, pra dentro do peito.
Transformar de fato, no tato, no afeto, na luta, ao lado.
Vermelho rubra face, ternura recuperada.
Resguardada aflição de estar só.
Realidade parida e repartida.
Partida dada.
A areia entre os dedos dos pés indica o novo.
E o som do mar acompanha o mergulho que veio e virá.


8 comentários:

  1. Leoa com as filhas , com a vida. o mundo espeta teu rugido em forma de riso ou de canção. Sempre.

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  2. Pra que furia? Depois de tanta coisa eu tava mesmo pensando que muitas pessoas, grupos e pseudo fazedores de arte, tem se apoiado na VONTADE de fazer e nao no FAZER de fato, Viver uma revolução no fetiche, na teoria quando na pratica , entre si mesmos, com quem esta ao lado, as coisas sao bem outras.... AS coisas se mantem as mesmas, o que é pior, ja que na boca, no discurso, se diz combater o sistema quando na verdade, tudo é reproduzido de outra forma, com apoio de teoria e uma pratica vazia e nula, que visa no fim das contas, prazer e satisfaçao individuais ou de uma classe isolada. Linda reflexao, lindo seu ato de BRAVURA ao se afastar de tudo, ao recusar fazer parte de uma escolha falida e hipocrita. Mais gente precisa de coragem e vergonha na cara pra dizer nao a vida boa de SESC em SESC, mais gente precisa ser gente mesmo pra olhar no olho de fato de quem esta na luta, de quem quer sorrir pra vida em transformaçao. De atrocidade em atrocidade seguem os falsos revolucionarios, fazendo da quebrada morada de quem faz valer ideias da pequena burguesia. Nao vou registrar nomes, nem meu nem de quem falo pra nao virar inferninho. `ra quem quer que a carapuça sirva, o recado ta dado.

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    1. Creio ser bem isso, mas ja nao fico na lamentação sabe? O que foi foi. Serviu de lição pra enxergar o que a palavra revolução significa e não significa nos dias de hj. De qquer forma, creio que muito aind aprecisa ser dito , cara a cara com quem se apropria disso td que vc menciona ai. Mas sinceramente, nao serei eu a faze-lo. Valeu, abcs.

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  3. Poesia da mulher parida, que ve a vida com sua feiura e sua beleza.

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  4. O mais estranho pra mim, no auge da minha ingenuidade talvez, é ver pessoas , grupos artisticos tidos como referencia, ate por mim mesma, criticarem tanto um sistema pra logo em seguida, se venderem na cara dura justamente pra ele. É vergonhoso. Faço questão de colocar meu nome. Achei este blog, da Debora, depois de ter visto a peça Este Lado para cima em Sobral, minha cidade. Sigo o que vc escreve desde então, pois me inpressionei com sua atuaçao na peça, com oque a peça dizia. Me fez refletir demais. Acompanho o grupo desde entao, virtualmente, e pelo o que ando vendo, se torou um grupo SESC. Um grupo em luta por algo a mais pra classe artistica somente. E pra onde vai o discurso do espetaculo que se diz nao espetaculo? por que vc saiu do grupo? Sao pulgas atras da orelha minha e de outras amigos e amigos que viram a peça e ficaram com a impressao de um coletivo que estava mudando mesmo as coisas. Ilusao mesmo. Como o que a globo passa na tv. Enfim... Debora, boa sorte nos seus novos caminhos. Provavelmente vc nao esta se referindo somente ao grupo, a poesia poema que vc publicou é linda como tudo que vc escreve aqui. Precisava desabafar isso aqui com vc, que foi a unica que depois da peça, foi pro seu canto pra nao ser aplaudida nem ficou dando showzinho de belas palavras pra todo mundo ouvir. Parabens pelo carater.

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    1. Obrigada Aline. Sem mágoas nem ressentimentos, o que me fez sair do coletivo foi uma incompatibilidade de pensamento mesmo. Tem a ver com isso que vc questiona, mas o buraco é sempre mais em baixo rs... Abraços, e vamos conversando!

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  5. E o novo ciclo se faz... norte, sul, leste, oeste... norte, sul... praia.. selva de pedra.. em todas as direções seus gritos serão ouvidos! Tamo junto nessa revolução que vem de dentro amiga irmã!

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